quinta-feira, novembro 24, 2005

MUDANÇAS

"As pessoas não mudam com a idade. Não atenuam os defeitos. Apuram-nos."
Apesar de fazer um esforço para acreditar que não é assim,
cada vez mais sinto que é.
Mas eu achava que eu era a prova de que aquelas palavras amarguradas não eram fundamentadas em nada mais do que aquela amargura.
Momentânea.
Que não era uma conclusão empirica mas uma generalização cega.
Até porque eu mudei. Mudei tanta coisa...
Mais tolerante, mais compreensivo, mais disponivel para a diferença... sei lá.
Menos vingativo, menos mal com a vida e sobretudo menos preocupado em
formatar os outros à minha medida.
Mas será que não foram as mudanças à minha volta
Que me criaram essa sensação?
Será que na realidade eu sou o mesmo?
Será que nao mudei?...

segunda-feira, agosto 01, 2005

DIAS DE CHUVA

Este é mais um dia de chuva
Chuva gelada que só molha por dentro
No contraste com o tempo quente da rua
Que me atropela a respiração
E esta chuva gelada
Que lava a alma
Mas apodrece o corpo
Também seca as cores do verão
E as lágrimas que não saem

segunda-feira, junho 27, 2005


Tocando el cielo

sexta-feira, maio 13, 2005

EM VÃO

Tantas palavras em vão

Atiradas contra a parede

Tantas dúvidas fingidas

E escondidas atrás da certeza que dói

Tantas certezas que na dúvida

Não valem nada

Tanta ansiedade doente

Sem cura saudável

Tantos remorsos sem culpa

E culpas por distribuir

segunda-feira, maio 09, 2005

CONVERSAS DA TRETA

Acho que temos que falar
Senão não faz sentido o que falámos já
Mas queremos falar?
Há alguma coisa para falar?
Há sempre uma doença ou isso
Mas apetece falar disso?
Já apeteceu talvez
E se não há mais nada para falar
Para quê fingir que importa
Se falamos ou não.

terça-feira, abril 12, 2005

DEGRAUS

É engraçado como às vezes o presente se vira
Brusca e inesperadamente
E empurra o futuro para trás
Atropelando o passado esquecido
Ou apagado pela força
De querer esquecer.
Às vezes traz-nos mais uma oportunidade
Para fazer ou dizer
Algo que ficou por fazer ou dizer
Às vezes faz-nos perceber
Aquilo em que errámos
Às vezes sem saber
Mas às vezes serve só
Para nos mostrar que estamos outra vez
A andar para trás.

terça-feira, abril 05, 2005

ONDE ANDAS? I

Por onde andas?
Onde te perdeste?
Ando há meia vida a correr atrás de ti
À tua procura
Entre a tua curta existência
E a minha estreita existência
Não há muito mais onde procurar
Será que fui eu que me perdi?...
Mas eu ainda vejo os meus lugares
Todos no mesmo lugar
Mas tu
Tu não estás no teu lugar
No meu lugar para ti
Onde andas?