quarta-feira, fevereiro 23, 2005

LUTA MUDA

Hoje esta cadeira é a minha companhia.
Sento-me na sua inércia que se confunde com a minha
e sinto-me aprisionado dentro de mim.
Sou o meu próprio animal domesticado.
O milagre da vida fica mais pesado e quer tornar-se um fardo.
Mas eu luto
De luto
Sentado
Enquanto a visão da cegueira me tortura e consome
Eu procuro um ou outro pensamento para pôr
Em palavras que eu próprio ouça.
Mas este remédio está doente
E com a cegueira vem a surdez.
E então fico aqui sentado
Cego, surdo e mudo como os macacos que sabem.
Só que não sei.
E já nem quero saber.

Ricardo Quintas